A ideia é discorrer sobre temas variados relacionados à história. É importante esclarecer que o blog não é feito em formato acadêmico, embora os textos sejam embasados em historiadores sérios e de renome (tentarei, na medida do possível, citar referências). A proposta é abordar os assuntos sugeridos de forma sucinta, simples e direta, sem a rigidez dos trabalhos universitários, o que não diminui a seriedade do que é produzido.
terça-feira, 30 de junho de 2015
Os Assírios e a Guerra
Os assírios eram um povo semita originário do norte da Mesopotâmia, atual Iraque. Sua cidade principal era Assur; posteriormente outras grandes cidades foram construídas ao longo de sua expansão imperial, sendo as mais importantes Nínive e Nimrod. Seu império foi forjado por volta dos séculos IX - VII a.C. A expansão assíria foi um dos feitos mais formidáveis e assombrosos de toda a Antiguidade: estes destemidos guerreiros eram conhecidos pela sanguinolência e crueldade que infligiam aos povos subjugados -- a pilhagem, os incêndios, os empalamentos e as degolas eram rotineiras. Os assírios foram inovadores naquilo que eu definiria como "engenharia social primitiva": a deportação de populações inteiras e o realocamento destes povos em lugares estranhos. A Bíblia narra esse fato dramático: os israelitas do norte, derrotados pela máquina de guerra assíria, foram deportados e desapareceram da história. Sua capital, Samaria, recebeu populações estrangeiras (também cativas) e houve mestiçagem racial e cultural (daí o ódio dos judeus do sul aos samaritanos, considerados impuros). O reino do sul, Judá, também foi atacado. Jerusalém, a capital, foi assediada por meses pelos exércitos assírios, mas conseguiu resistir graças a uma peste que se instalou no acampamento assírio. Essa experiência odiosa seria repetida por diversos estadistas ao longo da história; cito o exemplo de Stálin e suas deportações (especialmente os tártaros) já no século XX, milênios depois dos assírios.
Máxima extensão do Império Assírio
Qual era o elemento que diferenciava os assírios dos outros povos no quesito guerra? O historiador militar John Keegan afirmou que os assírios constituíram o primeiro exército profissional de toda a história, o que foi um fator decisivo nas conquistas. Além disso, estes excepcionais soldados possuíam equipamentos de ferro, o que proporcionava nítida vantagem em relação aos inimigos (os egipto-núbios, por exemplo, utilizavam armas de bronze e metais mais frágeis, o que inevitavelmente fez com que fossem derrotados pelos assírios durante a vigência da XXV dinastia núbia no Egito). Outro fator interessante era a utilização dos cavalos e das bigas de guerra. As bigas proporcionavam velocidade nas batalhas e amedrontavam os inimigos, além de serem muito utilizadas nas caçadas que os assírios empreendiam; e os cavalos eram montados na parte dianteira, o que deveria ser bastante incômodo (vale lembrar que não existiam selas à época). E como os assírios ficaram conhecidos como "cruéis"? Além das narrativas escritas pelos vencidos (notadamente os israelitas, excelentes escritores já naquela época), os assírios também descreviam com imenso prazer os massacres que cometiam. O hino a seguir foi feito em louvor ao rei Tiglatpileser:
"Avançou, percorrendo um caminho de três dias;
antes do nascer do Sol, o seu chão estava em brasa.
Dilacerou o ventre das grávidas,
esquartejou o corpo dos débeis,
cortou o pescoço dos poderosos,
os fortes morreram, depois do incêndio dos seus países.
Um montão de ruínas espera quem peca contra o deus Assur!".
Outro relato (do mesmo rei):
"Conquistei as grandes cidades de Babilônia (...) causei mortandade ao inimigo, em Babel apoderei-me dos palácios do rei Marduk-nadin-akhikhi, destruí-os com o fogo e transportei os seus tesouros. Dei batalhas duas vezes com os carros de guerra a Marduk-nadin-akhikhi e o matei".
Uma das diversões dos nobres assírios era a caça, especialmente de grandes felinos.
Os assírios perderam a majestade para outro povo mesopotâmico: os babilônios. Entretanto, ficaram marcados na história como os guerreiros mais sanguinários da Antiguidade -- e creio que a "homenagem" é justa. Ainda existe uma comunidade assíria nos dias de hoje. A maioria é cristã e vive no Iraque, país árabe e de maioria islâmica/xiita.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário